Livre_expressao

quarta-feira, maio 19, 2010

Pro dia nascer feliz



Andava sem rumo.
Saía pelas portas do fundo para não dar explicações.
Cansou de passar batom todas as manhãs antes de pegar a condução.
Fumava meio maço de cigarro a mais do que antes.
O salto começou a apertar.
Comprou um tênis.
Confortável. Fácil de lavar.
Ficou mais fácil andar, sem rumo principalmente,
não precisava se preocupar com dores no calcanhar.
Não deixou de fazer as unhas semanalmente no salão da Dona Teresa,
Mas preferiu parar de retocar a raiz vermelha dos cabelos crespos tingidos.
Ele tinha dito que gostava dela loira.
Desgraçado.
Podia ter dito outra coisa.
Mania que homem tem de dar opinião sobre cor de cabelo!
Pensou nisso quando a trocou pela morena?
Provavelmente não.
Começou a esquecer as chaves em qualquer lugar.
Perdeu os óculos escuros também. Não fez falta.
Pediu para Dona Teresa pintar as unhas dela só com base.
Jogou fora o CD de reggae e comprou um do Djavan.
Escutava no MP3 incansavelmente.

Em uma manhã o dia demorou um pouquinho mais para raiar.
Ela demorou um pouquinho mais para acordar.
Tomou café com calma
Comeu melão e passou batom.
Comprou uma sapatilha bem feminina
E alisou os cabelos em outro salão.
Passou um esmalte que combinava com a blusa volúpia.
Deu bom dia ao porteiro
E comprou o novo Cd do U2.
O verão chegou e os sabiás não gostam de passar frio.




Ariadne Catanzaro