Livre_expressao

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Rugas

É de laço vermelho
O cinto do vestido.
Envolve sua cintura delicadamente
O vermelho-cetim dos lábios-criança

O que ele quer com ela?
Ela nem imagina
Sorri e dança coreografadamente
Enquanto a luz azul do televisor ilumina sua pele

O sapato é de verniz preto
Com fivela perto do tornozelo
Tem pequenas pernas grossas
Escondidas em meia-calça rendada

Ele a observa instintivamente
Doente, num instinto de gente grande
Que ela nem imagina

Ele está de costas para a TV, decadente
Nem se assusta com suas malícias

Ela nem imagina
E não compreende os carinhos estranhos
De tão calado tio.
E de angústia em angústia
O laço se solta
E os lábios-criança se fecham

Distrai-se para não pensar em nada
Continuamente a incompreensão
O vazio cresce
E o tio sorri
Amamentado de sua indecência.

As rugas em volta da boca do tio
Na mente flutuam ainda por muito tempo.
Cachorro.

Ariadne Catanzaro

3 Comments:

Blogger lipão/fê said...

um beijo na coragem
e que a poesia louve os lugares que a razao nao sabe ficar
e que entre em lugares que suas pernas antes dela nao puderam entrar

te amo

4:51 PM  
Blogger lipão/fê said...

passei pra te mandar um beijo

beijo

6:37 AM  
Anonymous Anônimo said...

adorei. muito. sensível, poético... assim, como tem que ser. beijos minha flor, vc é uma grande amiga!

6:55 PM  

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