Rugas
É de laço vermelho
O cinto do vestido.
Envolve sua cintura delicadamente
O vermelho-cetim dos lábios-criança
O que ele quer com ela?
Ela nem imagina
Sorri e dança coreografadamente
Enquanto a luz azul do televisor ilumina sua pele
O sapato é de verniz preto
Com fivela perto do tornozelo
Tem pequenas pernas grossas
Escondidas em meia-calça rendada
Ele a observa instintivamente
Doente, num instinto de gente grande
Que ela nem imagina
Ele está de costas para a TV, decadente
Nem se assusta com suas malícias
Ela nem imagina
E não compreende os carinhos estranhos
De tão calado tio.
E de angústia em angústia
O laço se solta
E os lábios-criança se fecham
Distrai-se para não pensar em nada
Continuamente a incompreensão
O vazio cresce
E o tio sorri
Amamentado de sua indecência.
As rugas em volta da boca do tio
Na mente flutuam ainda por muito tempo.
Cachorro.
Ariadne Catanzaro
3 Comments:
um beijo na coragem
e que a poesia louve os lugares que a razao nao sabe ficar
e que entre em lugares que suas pernas antes dela nao puderam entrar
te amo
passei pra te mandar um beijo
beijo
adorei. muito. sensível, poético... assim, como tem que ser. beijos minha flor, vc é uma grande amiga!
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