Livre_expressao

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Super-ego

Bêbado eu?
Cala a boca. Eu só bebo de vez em quando.

Mas bebe muito. Bebe até cair.

Imagina. Bebo duas cervejinhas e tô sossegado.

Duas??? Duas o que? Duas dúzias, né?

Cala a boca. Eu bebo pouco.

E no Natal?

Ah, era Natal. Champagne, vinho, cerveja, licor... cada hora alguém te oferece uma coisa diferente.

Mas você se dispôs a fazer caipirinha. Ninguém queria, você já estava bêbado.

Bêbado nada. Você que acha que eu estava bêbado.

Sim, eu que acho. Caiu no final da festa porque estava sóbrio, né?

Caí porque o chão estava molhado.

Estava molhado de cerveja que você derrubou!! Você estava bêbado, você está sempre bêbado.

Puta que pariu, que conversa chata.

Chato é ter que conviver com um bêbado.

Pena que não consigo me livrar de você.

É mesmo. Tá difícil.



Se encararam por alguns minutos.
Resolveu parar de discutir. Saiu de frente do espelho, vestiu um casaco e foi embora.



Ariadne Catanzaro

1 Comments:

Blogger lipão/fê said...

esse conto em dialogo ficou muito legal! na verdade não é dialogo, é monologo né?
uma cena minimalista, como um fragmento de uma peça de teatro.

e uma coisa interessante é que só se entende,só fica legal por causa do titulo. isso é muito interessante. toda a aflição estética esta no titulo.

bjo
te amo

11:37 AM  

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