Livre_expressao

quarta-feira, setembro 05, 2007

O que você estava fazendo em 11 de setembro de 2001?

Revi este filme dias atrás, e resolvi postar esta crítica que eu tinha escrto em 2003.
É uma pena que seja difícil encontra-lo (está apenas em grandes e caras locadoras), mas quem tiver a oportunidade de ve-lo, vale a pena.

11 de setembro

11/09/01. Onze curtas. Onze minutos, nove segundos e um frame cada um..
Onze diretores premiados, de diferentes partes do mundo, aceitaram o desafio de apresentar sua visão sobre o atentado terrorista às torres gêmeas e ao Pentágono. O filme, apesar de naturalmente irregular, impressiona, surpreende, informa, emociona e faz refletir.
A idéia do panorama de visões sobre o fatídico 11 de Setembro foi idéia de Alain Brigand e cada diretor recebeu US$ 400.000,00 para gastar como quisesse.
No filme não há oportunismo barato ou exploração da tragédia, apesar da liberdade de expressão conferida a cada um dos diretores.

Há desde comédias até dramas psicológicos. O interessante é ver como cada diferente cultura lida com o atentado e de que maneira as divergências se evidenciam.
Os maiores destaques vão para os curtas que escolheram o caminho do lirismo. Idrissa Ouedraogo, de Burkina Faso (África Ocidental) que realizou um trabalho bem humorado para contar a historia do atentado paralelamente a de crianças que necessitam trabalhar para ajudar os pais. Sean Penn, embora americano, surpreendentemente não tocou no assunto das vítimas, do horror que se espalhou por NY ou da necessidade (ou não) de uma retaliação, como poderíamos esperar de um curta norte americano. Ao contrario disso, contou o drama da terceira idade, de quem vive sozinho à sombra das duas torres. Belo, surpreendente e emocionante.

Claude Lelouche (França) optou por uma historia de amor a ponto de desmoronar junto com as torres. Imamura (Japão) conta a esquisita, porem sensível, história de um ex-soldado desumanizado e, apesar de não citar o acontecimento de 11 de setembro, o curta anti-guerra dá seu recado e justifica a existência dos atentados em nossos dias. O público chega a rir durante este filme, mas com certeza, mais por estranhamento do que por graça.

Ken Loach mostra um excelente trabalho de pesquisa de imagens sobre a triste posição norte-americana nos ataques de 11 de Setembro de 73 ao Chile de Allende e o golpe do general Augusto Pinochet, patrocinado pelo governo americano, tornando este um dos curtas mais fortes e polêmicos.

O segmento de Israel, dirigido por Amos Gitai, impressiona mais tecnicamente do que por um bom roteiro. Um plano seqüência, sobre a situação caótica do resgate às vítimas de um atentado em Israel, a impertinência, pedância e necessidade desesperada da imprensa, e uma evidente sensação de não saber onde ir numa situação de excitação e medo.

A obra de Danis Tanovic (Bósnia-Herzegovina) aborda de maneira poética e comedida, as mulheres refugiadas que protestam todo dia 11 de cada mês, por terem fugido de suas terras por causa da guerra.

A idéia sensível de Samira Makhmalbaf foi a abordagem de crianças iranianas, muito distantes da realidade americana, e a tentativa da professora em explicar o acontecimento de 11 de setembro. Porém, por conhecerem somente a miséria de suas terras, o impacto do atentado é impossível de ser compreendido por elas.

O egípcio Youssef Chahine cansa o espectador com longas falas e pouca criatividade. Um diálogo sobre a política imperialista em várias partes do mundo, citando Hiroshima, Nagasaki e o conflito no Oriente Médio. Os personagens são Chahine, um soldado morto em um atentado terrorista no Líbano em 1983, e um cineasta chocado, politizado e, claro, vidente.

A diretora de Casamento à Indiana, Mira Nair (Índia), contou a história real de Salman Hamdani, de 23 anos, muçulmano, uma das 2,8 mil vítimas no World Trade Center. O segmento é uma crítica contundente ao preconceito dos americanos e ao problema que enfrentam as minorias étnicas.

Alejandro González Iñárritu, mesmo diretor de Amores Brutos, trabalha de maneira muito criativa, um ousado filme-instalação muito sensível, forte e emocionante. Iñárritu trabalhou com (apesar de muito poucas) imagens documentais da tragédia e sons de preces e choros intercalados.

É interessante refletir sobre cada um desses trabalhos, na diferente importância que cada um deu ao acontecimento, e principalmente a maneira estética e poética de abordar um assunto tão comentado, mostrado, lamentado e .... comemorado.

Vá assistir e veja se você não concorda comigo!



Ariadne Catanzaro

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ariadne, qual o título original desse filme? vou ver se encontro para fazer o download.

6:58 AM  
Blogger Sue said...

Oi lindona!
Faz algum tempo que não vinha te ver e me deliciar com seu blog ;-)
Hoje estou aqui e já li tudo que postou desde que fiz minha última visita...e vc ainda ousa dizer que aquilo que escrevi, mas como desabafo do que qualquer outra coisa, é um belo poema?
obrigada..;-)
Beijocas

1:36 PM  

Postar um comentário

<< Home