Livre_expressao

sábado, outubro 20, 2007

Farrapos

Suicidar-me de ti não foi fácil.
Ainda te via passar na frente da minha casa
Com teu carro blindado
E teu guarda-chuva imaginário.
Tive ânsia de vomitar quando ouvi tua voz
Chorei escondida no banheiro
Umas centenas de vezes.
Percebi tua chamada em meu telefone celular
e senti tremer toda a massa molecular.
Tudo bem.
Tu nunca saberias disso se eu não estivesse te escrevendo agora.
Tuas aeronaves ainda me sobrevoariam
Se eu te desse qualquer espaço.
Mesmo assim tu não me verias
E eu continuaria a chorar no banheiro, sozinha, com luz apagada.
Fui ao dentista, ao invés disso.
Pensei em ti enquanto ouvia sons infinitos de tortura.
Quase não doeu
Mas mesmo assim um gemido plausível de escuta.
Quase ninguém percebeu.
Suicidar-me de ti não foi nada fácil
Mas quase não doeu.
Saí para dançar com os braços levantados.
Retalho de gente
Com dentes perfeitos.


Ariadne Catanzaro

3 Comments:

Blogger lipão/fê said...

uh! grandioso poema. gosto muito desses, parece que tem algo que se alia a minha linguagem também. sera só delirio ou estou falando algo que tem haver?

adoro essa mistura que alguns poema tem de fundir si mesmo e o outro. e o paradoxo que se estabele entre alivio, dor, leveza, felicidade e tristeza.

agora só uma observação é o segunda coisa que vc escreve que o outro tem bem materiais de status né?

bom, sou só um leitor pirando na poetiza. mas poema é pra isso mesmo!

bjo
e te amo
Felipe

11:41 AM  
Blogger lipão/fê said...

definitivamente esse poema é um daqueles poemas que vc diz: "eu queria ter feito" nao por inveja mas cabe tanto me fala tanto que poderia ter saido de mim.

vc falou em mim como se eu tivesse vivido a coisa do escrito

12:47 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi, Ariadne. Também tô sempre por aqui. Só não comento mais porque entendo mais do intestino das formigas do que de poesia, hehe.

Mas estamos na área. Boa semana pra ti também.

3:34 PM  

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